03/12/2013

Natal - 3a. mensagem




Jardim das Oliveiras
Ciclo do Natal 
3a. Mensagem


Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emmanuel.
Is 7, 14

Nicolas Poussin


        Sentadinho no degrau da loja, sem incomodar, indiferente às “formiguinhas humanas”, que passavam apressadas, o menino, talvez com 7 anos, vendia panos para limpeza doméstica.  Como os outros transeuntes, passei, subindo a rua, apressado, mas a cena capturou-me, laçou-me, enredou-me. Adiante, minha memória recentíssima espetava-me e já não podia pensar em outra coisa. A face doce, frágil, pequena e necessitada do infante latejava em minha mente, incomodando-me. Não durou minutos, tomou-me, avassaladoramente, sem pedir licença, as recordações do menino Jesus. Decidi que, quando voltasse pela mesma calçada, não evitaria a face do Senhor, estampada no mirradinho.

***

Encostada no muro do colégio, cuja mensalidade ultrapassa a média salarial do país, beirando os 14 anos, vociferava palavrões, entre tragadas da maldita fumaça tabagiana. A falsa imagem era de poder e liderança. Passei os olhos sobre o grupo, fixei-os sobre a criança precoce e com nitidez discerni a evidente fragilidade. Batizei-a, silenciosamente, com o nome de Carência da Silva.

***

Dois dias distintos, duas crianças com histórias opostas, duas iniciantes vidas sob a mesma perspectiva Bíblica: pobre ou rico, carecem da presença de Deus.

Então, a conclusão rodeou-me: toda a criança nasce à imagem e semelhança de Deus. Deveriam ser acariciadas por Deus. A jornada dos pequeninos deveria ser pavimentada de oportunidades para conhecer o Criador.
Talvez por isso que o profeta entregou ao mundo a vontade do Pai: O nome do meu Filho será Emanuel – que significa Deus Conosco. 

Sabemos, aceitamos, cremos, não duvidamos, mas a endêmica doença chamada indiferença teima em nos possuir.  Como vírus/bactéria oportunista, aloja-se em nosso ser, resistindo e fortalecendo-se por meio de mutações.  Mas os meninos estão lá, nas ruas, escolas, residências, redes sociais, parques e também nos lugares mais podres, seja nos barracos ou nas suítes.

Proponho um exercício: nesta natal, olhe para cada criança, batizando-a silenciosamente em seu coração com o nome (ou apelido) de Emanuel – Deus conosco. Afinal, estamos aqui para isso, não ?

Nenhum comentário: