16/12/2014

Natalinas 5

Jesus Nasceu
Olavo Bilac

Na abóboda infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria ...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus ...
Mas o pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humilde e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal.

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia ...
Sabe Deus da humildade e da pobreza

Nascido numa pobre estrebaria.

Sir Stanley Spencer, 1913

Leitura Bíblica:  Lucas 1, 5-7
Nos dias de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias. Sua mulher era das filhas de Arão e se chamava Isabel.
Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.  E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, sendo eles avançados em dias.


11/12/2014

Natalinas 4


Um homem, - era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto ... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:

“Mudaria o Natal ou mudei eu ?”


Machado de Assis, 1901


05/12/2014

Natalinas 2014 - 3a.



Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.  (Fp 2, 5-11)


No período do natal, as imagens corriqueiras são: presentes, comidas e desejos de paz, amor e saúde.  Nada de errado nisso, claro, mas a cada natal, os cristãos devem empreender esforços para o devido enquadramento: sempre voltar ao verdadeiro, único e profundo sentido do natal. 

Acima de tudo, este é o período por excelência para habitar em nossas mentes e corações, pelo menos três pontos:

Primeiro, sempre renovar a pergunta:  Por que Jesus nasceu ? Buscar o sentido desse nascimento. Não se contentar com as respostas fixadas na mente pela tradição cultural, mas, sempre, aprofundá-las mais e mais.

Segundo, ainda cabe outra pergunta, consequência da primeira: Para que Jesus nasceu ?  Note que não são perguntas iguais. 

Terceiro, O que Deus, em Cristo, com a presença do Espírito Santo, espera de mim, hoje ?



Glória a Deus nas maiores alturas!

03/12/2014

Natalinas 2014 - 2a.

Natalinas 2014 – 2a.

E disse-lhes: Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.
E , começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as escrituras.

Lc 24, 44 e 27, respectivamente.


Graça e Paz!

Um grande equívoco acontece sempre quando deixamos de ler e estudar a Bíblia sem a visão do quadro inteiro, ou, por outras palavras, sem o entendimento de que se trata de uma narrativa com início, meio e fim, ou, ainda, passado, presente e futuro, tudo dentro do mesmo quadro.

Por isso, muitas vezes, os versículos e passagens tornam-se como “amuletos”, apenas para garantir e abonar o que desejamos no momento, para satisfazer algo de nossa necessidade, sem se importar se aquela passagem refere-se, obrigatoriamente, ao que estamos interpretamos.  A interpretação da Bíblia, do ponto de vista protestante, é livre, pero no mucho.

Uma das chaves de interpretação, de entendimento correto, é considerar que desde a queda do homem no Jardim do Éden (Gênesis 3) até a consumação final, vislumbrada no livro do apocalipse, Deus, em sua infinita bondade e amor, apesar da ira pela desobediência, pelo pecado do primeiro casal, ofereceu a solução para o homem, já que ele jamais poderia produzir a solução quanto ao seu drama existencial: providenciou a vinda do seu Filho, como oferta substitutiva à nossa condenação.  O ato da cruz é a maior demonstração de amor de alguém pelo outro, seja ele quem for.

Por isso, ao longo da Bíblia, devemos sempre cavar para ver a oferta maravilhosa de Deus na pessoa de Jesus Cristo, o Messias. Se a Palavra de Deus for lida e recebida assim, além de ficarmos extasiados pelo quadro geral, veremos a profundidade do amor/misericórdia/graça de Deus em nosso favor.

Por isso, Jesus desvendou os olhos dos dois amigos pelo caminho até Emaús, conforme passagem Bíblica acima.

Tenha um dia abençoado.