24/06/2008

C'est la vie

O avião ainda está taxiando e o som seqüencial do destravamento dos cintos de segurança é ouvido ao longo do corredor.

As bagagens pessoais são retiradas quando a aeronave ainda está encontrando o encaixe do corredor de saída.

Quando o avião pára, as variações musicais iniciam a atividade celular impingindo aos ouvidos um coro desarmônico. E disparam as falas: “cheguei”, “já está no aeroporto”, “e aí ?” etc e etc.

E pouco importa se antes, em duas versões, português e inglês, o comissário orientara os procedimentos corretos. Amam burlar regras, orientações.

Talvez o cúmulo do estressamento ou da irracionalidade esteja no fato da maioria enfileirar-se no corredor, um atrás do outro, silenciosos, falantes sem rodeios, expressões de pressa ou de automatismo. Ficam lá, cinco, dez minutos, até quinze eu já contei.

Não sou melhor do que eles, mas continuo com minha leitura ou música, relaxado. Meu último desejo é ficar ali parado, olhando para a nuca do outro, mesmo que seja ajeitada e perfumada.

Deixo sair todos eles, e vou encontrá-los parados, falando em seus celulares (sempre), amontoados diante da esteira de bagagens, que teima em não “andar”. Ainda vamos esperar uns bons quinze ou vinte minutos.

Pois é, gostam de dizer que estão estressados, culpam a cidade, o Bush, o aquecimento global.

C’est la vie !

Um comentário:

Ronaldo Martins disse...

É, meu caro,
este é o espírito da modernidade.
O excesso de informação nos desinforma minuto a minuto.
É tudo tão fragmentado que se torna impossivel construir algum sentido.
Achamo-nos poderosos, mas estamos cada vez mais alienados do verdadeiro sentido da vida.
E assim a nave vai.
abs,
Ronaldo