28/04/2009

Pobre Juan









Pobre Juan, houve um tempo, talvez você nem ainda fosse um projetinho de vida, que ir ao Maracanã era um espetáculo. Pegávamos o trem e descíamos na estação em frente ao Maraca, agitando bandeiras, com as camisas rubro-negras já um pouco suadas (êta Rio dos infernos!), cantarolando o hino do Mais Querido, gozando os adversários (e sendo gozados, claro). Sabe, pobre Juan, era uma festa, inclusive da família. Sim, pobre Juan, os pais levavam seus filhos, porque ainda não aflorara a imbecilidade mental generalizada de hoje, dentro e fora do campo.


Sabe, pobre Juan, o torcedor rubro-negro, assim como outros, adoravam a apresentação de um ESPETÁCULO. Por acaso, pobre Juan, você sabe o que é espetáculo dentro do campo ? É, talvez não saiba, e nem sei se você é o culpado, talvez seja vítima. Mas, vou lhe dizer: espetáculo fora do campo era gols espetaculares (Juan, acorda, como aqueles dois do Ronaldo contra o Santos, exatamente no mesmo horário do seu vexame do domingo passado), e, também, Juanito, dribles, dribles, ou como dizia o povo alegre, com alma lavada e encharcada de suor, "dibres", "dibres", lá íamos nós comentando os lençóis, as embaixadas, o ovo ou caneta, o jogador que caiu sentado após ser entortado pelo ponta-direita ou esquerda. E mais, pobrito Juan, até admirávamos os adversários habilidosos.


Você é novo, Juan, vou lhe contar, entre tantas, o seu Botafogo sempre foi time de craques. Lembro-me de certa vez, flamentoxbotafogo, 10 minutos de jogo, duas bolas na trave: a primeira de Jairzinho, o furacão; a segunda, de Doval, o diabo louro. Que bonito, Juan, você não tem idéia! E o Paulo César Caju, botafoguense, serelepe, ousado, abusado, metido e cracaço,açoaçoaço... O que aquele rapaz fazia no maracanã era digno de arte, muitas vezes bailava diante do adversário atônito, inclusive do flamengo.


Que isso, Juan, deixa de ser trouxa, que papelão no domingo, hein! O maicolsuel foi simplesmente o apresentador daquilo que amamos no futebol. Hoje, Juan pobre de espírito e de graça, tudo está homogêneo, plástico, insosso, sem arte, sem cor, se é que me entende, garoto.


Eu termino com um conselho: em vez de partir para querer "matar" o boleiro craque, pense em melhorar seu futebol para anular na origem dos dribles maravilhosos. Sem agressão rapaz. Procure saber sobre o Nilton Santos, aprenda com a categoria dele. Sabe quem foi ?


Pobre Juan, eu sou flamenguista de coração, de nascença, e abominei sua atitude. O flamengo do meu coração não tem lugar para você, caso continue com esta pequenez de ser.







O único Pobre Juan que admiro é o restaurante argentino de São Paulo. Aquilo lá é que é craque.


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