Alberto Carlos Almeida (sociólogo, autor do livro A Cabeça
do Brasileiro), em seu artigo para o jornal Valor Econômico, edição de 31 de
outubro, argumenta que a ascensão de milhões de pobres aos bens
socioeconômicos, nos últimos anos, provoca uma certa ojeriza nas classes altas,
demonstrada na divisão regional dos votos nas recentes eleições
majoritárias.
Não creio que esteja correto. As classes altas beneficiam-se
do poder de compra dos que eram (quase) excluídos, afinal, precisam vender seus
produtos (são empresários) e/ou garantir seus empregos pela roda ascendente da
economia. A bronca é outra, de natureza
moral e política, porque, embora a economia dirija, majoritariamente, os rumos
do voto, há mais a considerar do que tostões no bolso e comida na panela.
Acima e bem mais profundo do que políticas sociais de
plantão, o evangelho de Jesus Cristo tem preocupação radical com os desvalidos,
jamais esquecidos pela lei do Antigo Testamento, e ampliada no Novo Testamento,
porque para Jesus, ajudar “os mais pequeninos” significa ajudá-lo em pessoa. Mateus, no capítulo 25, revela o que Jesus
pensa e espera da sua igreja (cada cristão), quando se depara com os que não
são alcançados ou invisíveis sociais.
O evangelho de Jesus Cristo, por causa do amor sem medida de
Deus Pai, a partir do ápice da cruz, revisita todas as coisas,
resignificando-as a partir da vontade de Deus, invertendo a lógica humana e
reconciliando os que estão apartados dele, conforme seu plano. A parábola do bom samaritano e o caso do
jovem rico são apenas dois dos inúmeros exemplos.
O âmago do evangelho não é um resultado, trata-se de algo
que foi feito na cruz por Deus, em Cristo Jesus, mas, a partir da cruz,
resolvendo o problema iniciado pelo pecado/queda de Adão e Eva, o evangelho vai
consertando e dando vida nova a tudo e
todos.
Impregnar-se do evangelho (é preciso conhecê-lo) é o início
inegociável. Os olhos devem estar aguçados para que nada escape ao que o Senhor
Deus proporciona, dia após dia. O coração, impregnado do evangelho, pulsa
revestido por misericórdia e compaixão, pronto para ser o braço caridoso de
Cristo no mundo, seja material, emocional ou espiritualmente. A mente,
alimentada pela razão de Cristo, preocupa-se com a verdade, essência do Deus
Trino, que nos blinda contra as investidas do grão mentiroso, cujo trabalho é
cegar-nos e desviar-nos.
Mais evangelho, menos outras coisas, que nos afastam do
evangelho e da realidade.
Que o Senhor nos abençoe e guarde.
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