Converso com amigos, amigos do peito, gente que faço questão de tomar um vinho, rir, recordar. Mas, enquanto entoamos as abobrinhas da vez, entre um interlúdio e outro, vejo um retrato do estrago mental brasileiro, coisa tecida talvez desde o início da década de 60 do século anterior.
De soslaio, muitas vezes levitando mentalmente, sobrepondo as conversas ao exame de conteúdo, verifico a carência de fatos, análise e veracidade histórica (raramente sou bem-sucedido quando digo que isso não foi bem assim).
Na verdade, verdade mesmo, eu não me surpreendo. Em algum mês de 96, só me lembro do ano, eu resolvi pular fora da teia que até então estivera enredado. Vi que existia uma só linguagem, um só imaginário, um só embuste, uma só toada. E isso tinha a ver com o que se ensinava em uníssono na Universidade, nas três pelas quais passei.
Hoje, é preciso um grande esforço pessoal, solitário, de garimpeiro, para achar tesouros abaixo da superfície. Estou falando de tudo: cultura, política, história, costumes, teologia etc.
Os exemplos são inúmeros. Se for fermentar seu conhecimento político pela Rede Globo, seja canal aberto ou por cabo, você será mais uma peça ao inflacionado comportamento unívoco de manada. O que fizeram com Obama, Lindember e Eloá respondem apenas com uns pontinhos da constelação.
Ah, os meus amigos... eles são queridos, eles são do coração. Ainda tentarei algo para que eles enxerguem um pouco mais longe, ou mais embaixo. Ainda não sei como, por isso ainda triste. Meu vinho nesta sexta-feira descerá em completo silêncio pelas paredes da garganta. Talvez um blue de raiz, cantado por um daqueles cristãos negros criativos, venha em meu socorro. Esta será a garantia de um sono rejuvenescedor.
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