Não poderia
deixar de escrever-lhe. Estamos em festa, embora por motivos diferentes, mas o
nosso fundamento é o mesmo e também a finalidade é a mesma. Aqui, por essas
bandas, estamos comemorando 51 anos de vida, plantados num jardim com algumas
oliveiras. Você, comemorando ou ainda tremendo diante de tanta
responsabilidade, já que recebeu a Cadeira
caminhando pelas laterais; entrou simples, sem a euforia característica dos homens
que habitam as margens do Rio da Prata.
Caro
Francisco, confesso que me surpreendi com sua biografia e, principalmente, com
suas primeiras palavras, colocando ou trazendo Jesus Cristo para o seu devido
lugar.
Há vales profundos que nos separam desde o
século XVI; mas, pela misericórdia e soberania de Deus, podemos construir pontes
sobre esses vales, afinal, nosso Cristo é muito, muito maior do que nossas
vaidades e miopia crônica. Ah, Francisco, e se enxergássemos como Jesus enxerga
? Não é comum ao que senta na Cadeira
mais prestigiada de sua denominação declarar e enaltecer a cruz de Cristo. Quando eu o ouvi, sussurrei: Yes!, depois,
recompus-me, declarando: Glória a Deus!
Sim,
Francisco, devemos ser unidos pela rastro da cruz do Salvador do mundo,
Jesus. Nossa luta não é um contra o
outro, não obstante nossas diferenças abissais. Não, nossa luta é contra esse
mundo materialista, sincrético, relativista, imoral, frutífero em inversão dos
valores judaico/cristãos, criando novos dicionários para novas semânticas,
capazes de confundir mentes e corações dos incautos. Nossa luta, da IPJO e de Roma, é contra os
principados e potestades, e contra os “bobos da corte”, os que nem sabem sobre
a peleja no andar de cima, ou nem querem acreditar.
Por isso,
caro, assino embaixo quando declarou, fitando os olhos de seus cardeais: “Quando caminhamos sem a cruz, construímos
sem a cruz e confessamos um Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor.
Somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do
Senhor.”
Nossa,
Francisco, de tanta alegria, quase me dirigi a você com intimidade que não me
foi outorgada, chamando-o de Chico, tal a semelhança com o que pregamos aqui,
por exemplo, quando, em sua homilia do dia seguinte, após a fumaça branca,
citando grande Leon Bloy, “Quem não reza
ao Senhor reza ao diabo.” Oh,
Glória! Exatamente isso constitui uma das fraquezas do cardápio mental do homem
cristão contemporâneo. Estamos juntos nessa falha: hierarquia católica e
protestante.
Sabe,
Francisco, meu sonho é ver minha IPJO respirando, exalando um coração
misericordioso e evangelizador, em fina sintonia com o Espírito Santo, com
fidelidade canina ao Senhor Jesus, vendo, vendo, vendo vidas caindo aos pés da
cruz de Cristo: arrependidas, transformadas, regeneradas, justificadas,
santificadas. Este é o tipo de homem que
desejo ver aos borbotões. Você também ?
Hoje,
Francisco, os guerreiros do diabo estão em polvorosa, ciscando aqui e acolá, na
rua e na Igreja, inventando, procurando agulha no palheiro, ávidos para
atacá-lo. Essa internet pode ser bênção
ou maldição, enaltecem ou demonizam na velocidade da luz.
Conheço isso
Chi ... ops, Francisco, trata-se de cenas antigas, que se repetem em verso,
prosa: nós, pastores, líderes, igreja, estamos sempre no deserto,
orando/jejuando e enfrentando as feras.
Mas, a graça do Deus que governa a história, sempre sussurra em nossos
ouvidos: “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda palavra que procede da boca
de Deus”. Sim, nos desertos e vielas da vida, os verdadeiros filhos sempre
escutam: “A minha graça te basta”, “não temas, eu serei contigo.”
Estamos
completando 51 anos, Francisco, e, secundando você, também não queremos ser uma
ONG, mas, sim, a humilde, fiel e operante igreja do nosso Senhor Jesus Cristo. Quem sabe, né, ainda voltaremos a ser arautos
do Senhor, forjando uma cultura que honre e serva ao Deus Eterno, como em
séculos passados ?
Parabéns para
nós! E que sigamos nas pegadas de Jesus, a verdadeira e mais impactante
esperança para o mundo.
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