10/05/2011

Gratidão e My Funny Valentine

Confesso, adicionado de plena alegria, a minha gratidão a Deus.  Nesta noite, entre tantas, por duas razões: a primeira, por esta estranha e incontida felicidade que é ajudar as pessoas, sobretudo ser a esperança de quem mais precisa. Creio, biblicamente, que Deus nos colocou neste mundo para tecer esperanças. Sempre haverá alguém esperando ser aquecido, encorajado e levantado por minha, sua mão. No Reino de Deus, neste mundo, compartilhar, visando a dignidade do outro, é a melhor "vingança" contra as hostes insensíveis, precárias, obtusas em figura de gente.

O nome dele é Álvaro. Chegou aqui trazido por anjos, só pode ser. Veio em busca de um fiozinho de esperança. Não pediu dinheiro, balbuciou apenas uma semente de futuro. Albergado, sem pai, mãe, lenço, mas com documento, vi em seus olhos e seus verbos a vontade ferrenha de não morrer na contramão atrapalhando o tráfego, como já cantou o Chico.  Ao ouvi-lo, após desenhar a trilha de um possível futuro, tomei-me, antecipadamente, por imaginação, do estado de gratidão quando Paulo, o apóstolo, disse: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé ..." (2Tm 4,7)  Que o Senhor Deus abençoe este rapaz a agarrar sua cidadania, já que encontrou uma ponte.

A segunda gratidão, uma voz: amiga, saudosa, querida, amada, animada, obstinada. Tenho de agradecer a Deus por esta mistura de mente e lembrança. Basta uma voz para ativar sonhos bem sonhados de uma história desmanchada, esvaída, mas na memória reciclada, vívida e colorida.

Minha frase desta noite é uma paráfrase Bíblica:  Estranho é o coração, desesperadamente estranho, quem o entenderá, quem o domará ?


Vou ouvir novamente My Funny Valentine, versão de Miles Davis, que, como gosto muito, ofereço a você


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